Resultado foi o segundo melhor para o período entre bancos brasileiros.
SÃO PAULO – O lucro líquido do Itaú Unibanco, maior banco privado do país, encolheu 7,6% nos nove primeiros meses do ano, sob o peso da queda da margem financeira (que está ligada à taxa de juros corrente no mercado) e ao aumento de provisão para devedores. De acordo com balanço publicado nesta terça-feira, o ganho entre janeiro e setembro foi de R$ 10,102 bilhões, contra R$ 10,940 bilhões no mesmo período de 2011. Ainda assim, de acordo com compilação da consultoria Economatica, foi o segundo melhor resultado da história para o período entre bancos brasileiros. Na comparação entre o segundo e terceiro trimestres de 2012, o tombo foi maior: 11,4%, de R$ 3,807 bilhões para R$ 3,372 bilhões.
Segundo o diretor-corporativo do Itaú Unibanco, Rogério Calderón, o recuo no lucro ocorreu sobretudo pela diminuição da margem do banco ocasionada pelas reduções da taxa básica de juro (Selic). Mas foi em parte compensada pelo aumento de 10% no volume de operações de crédito e ainda “pelo início da redução da taxa de inadimplência”. Além disso, houve alta de 33,9% nas receitas só com a cobrança de tarifas sobre contas correntes.
As margens certamente cairão nos próximos períodos e cairão ao longo do ano que vem. Mas o volume total do banco vai crescer, o que será capaz de compensar a redução média da margem, que também será compensada por um volume mais baixo de inadimplência. As margens continuarão refletindo a nossa estratégia, crescendo onde há juro menor e inadimplência menor — disse o executivo da instituição.
O resultado do Itaú Unibanco ficou pouco abaixo da expectativa de analistas de mercado, e isso se refletiu nas ações do banco. Os papéis preferenciais (PN) se desvalorizaram 3,16%, cotados a R$ 28,44, enquanto as ações ordinárias (ON, com direito a voto) recuaram 1,70%, a R$ 26,01. Um dia antes, o Bradesco, maior concorrente do Itaú no setor privado, divulgou lucro de R$ 8,48 bilhões até setembro, o que correspondeu a uma variação positiva de 2,24%.
A perspectiva é de que a margem financeira do Itaú Unibanco continue caindo nos próximos trimestres e, como reflexo da mudança de estratégia do banco, os investidores ficaram cautelosos e as ações se desvalorizam — disse Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença.
Sobre o aumento da receita com tarifas, Calderón afirmou que não houve alta no preço médio dos serviços, mas redução, embora não soubesse dizer de quanto. Ele comentou que houve “aumento de volume”, além da “segmentação das carteiras, com pacotes diferenciados e a ampliação da prestação de serviços”.
A carteira de crédito total ajustada (que inclui avais, fianças e títulos privados) teve aumento de 10% de janeiro a setembro, em relação ao mesmo período do ano anterior, e chegou a R$ 437,6 bilhões. Excluindo a carteira de veículos, o crescimento foi de 13,6%. A projeção do banco é fechar o ano com crescimento entre 9% e 10% na carteira total — abaixo da variação projetada no início do ano, de 14% a 17%.
De fato, revisamos a perspectiva de crédito. Houve mudanças nas projeções do PIB e da inflação. Além disso, temos como estratégia crescer apenas em modalidades com juro menor e com menos risco de inadimplência. Descartamos empréstimos com prazos muito longos para pagamento e com uma entrada muito baixa — disse Calderón.
O índice de inadimplência, considerando os empréstimos com mais de 90 dias de atraso, encerrou o terceiro trimestre em 5,1% da carteira total. O patamar é menor do que os 5,2% do trimestre anterior, mas ainda 0,4 ponto percentual mais alto em relação ao mesmo período do ano anterior.
Com o mix de produtos mais conservador que estamos adotando, esperamos que daqui para frente nosso índice de inadimplência diminua. Já devemos encerrar o ano no mesmo patamar que começamos, ou seja, em 4,9%. Com a inadimplência menor, nossos gastos também serão menores disse.
Fonte!!!